9 de maio de 2013. Foi neste dia, já
há sete meses, que Ricardo Quaresma realizou o seu último jogo
oficial. Foram 90 minutos contra o Al Fujairah, numa derrota por 1-0.
Depois, seguiu-se o vazio. O internacional português sofreu uma
lesão grave no joelho direito. Um problema no menisco que exigiu
intervenção circurgica. Veio para Portugal e, a 11 de junho, subiu para a
mesa de operações. Recuperou mas não voltou a jogar pelo Al Ahli, do
Dubai, clube onde chegou em janeiro deste ano.
Nesta altura é importante, portanto, perceber o que pode esperar Paulo
Fonseca.
António
Gaspar, fisioterapeuta que acompanhou Quaresma no período
pós-operatório, garante que apenas precisa ganhar ritmo competitivo.
«Clinicamente
ficou a 100 por cento. Está sem qualquer limitação e apto para exercer
de novo a profissão dele. Aliás, ele voltou a treinar, não é? Isso
significa que está recuperado. Caso contrário não voltaria»,
Foram cerca de três meses o tempo
que Quaresma e António Gaspar trabalharam juntos, mas o fisioterapeuta
não lhe perdeu o rasto desde aí. «Estive com o Ricardo há cerca de um
mês, durante um checkup normal que tínhamos combinado. Estava bem,
estava a treinar normalmente no clube dele. Peso? Estava dentro dos
valores que nós consideramos normais para um atleta de alta competição.
Não creio que isso seja problema», defende.
A
contratação de Ricardo Quaresma pelo Al-Ahli surpreendeu pelo destino
exótico, num jogador que ainda nem estava na casa dos 30 anos. Depois de
dois anos de relativo sucesso na Turquia (em 2011/12 fez 34 jogos e
marcou sete golos), a aposta na Liga dos Emirados Árabes Unidos foi
estranha.
Terá sido vista, apenas, como uma ponte para um futuro
regresso à Europa, algo que Quaresma sempre desejou. O Al Ahli nunca
conseguiu ter o Ricardo Quaresma que esperava ter contratado.
Os
adeptos, contudo, sempre estiveram do lado do jogador. Uma tarja com a
inscrição «Quaresma 7 We Love You» passeou pelos estádios da Liga local,
fosse qual fosse o momento do jogador. Algo habitual, de resto, pois no
F.C. Porto e no Besiktas, por exemplo, também teve sempre uma relação
muito próxima com a massa adepta.
O clube tinha, contudo, uma
visão diferente. Aliás, esta separação acaba por ser a junção de duas
vontades. Quaresma queria sair, o clube queria ver-se livre de um
jogador de elevado salário.
Galatasaray e Trabzonspor, sabe o
nosso jornal, perguntaram pelo jogador no verão, mas desistiram face ao
preço pedido. Com o tempo, o Al Ahli perdeu a esperança de fazer um
encaixe com a venda. O contrato que ligava as duas partes até junho de
2014 foi desfeito.
«Quaresma estava super-motivado para voltar a jogar num clube de topo»O F.C. Porto, a confirmar-se, surge com um fator importante a pesar: recuperar a motivação do avançado.
António
Gaspar, aliás, não tem dúvidas: «A motivação é fundamental. Se um
jogador estiver motivado consegue sempre mais. Eu sempre o vi focado e
desejoso de voltar a jogar ao mais alto nível.»
«O Ricardo é
alguém que gosta muito da sua profissão. Adora o que faz. Estava
super-motivado para voltar a jogar num clube de topo», insiste.
Ainda
assim, admite que não poderia voltar a jogar amanhã, por exemplo. «Do
ponto de vista clínico, sim, sem dúvida, mas depende sempre da questão
física», avisa.
«Como qualquer atleta que está há tanto tempo
sem competir irá precisar de um programa específico no início, mas se
ele estiver predisposto a trabalhar, como acredito que esteja, será algo
simples. Não tendo limitações físicas, isso não chega a ser um
problema», remata.